Exercício físico e COVID-19

Ago 02, 2021

A pandemia da COVID-19 tem nos instigado a refletir sobre quais hábitos e rotinas devemos incluir em nosso dia a dia, os quais podem amenizar os malefícios desta doença como as demais enfermidades. Muitos estudos demonstram que o sobrepeso e a obesidade são um dos maiores fatores de risco de desenvolvimento de uma forma grave da COVID-19. Com isso nos questionamos se o exercício influencia positivamente na resposta imune e se pode ser relacionada com potenciais bons prognósticos nessa doença.

Mesmo antes da pandemia da COVID-19 já eram notáveis os problemas que o sedentarismo e a alimentação incorreta geram a saúde da população. O sobrepeso e a obesidade são as principais consequências do sedentarismo e a má alimentação que por sua vez contribuem com as doenças isquêmicas do coração, acidente vascular cerebral e doença pulmonar obstrutiva crônica, que são as 3 maiores causas de morte no mundo.

A COVID-19 em sua forma mais grave é mais comum em pessoas com problemas cardiometábolicos. Um dos maiores motivos para que ocorra este agravante, se dá a pacientes os quais estão em sobrepeso. Quando em sobrepeso o paciente possui maior quantidade de tecido adiposo, este tecido é altamente pró inflamatório e as reações da COVID são altamente inflamatórias.

Um dos problemas da COVID-19 é que o paciente não morre de covid, e sim pelo fato da doença favorecer o aumento de uma comorbidade já pré existente. Como por exemplo pacientes cardíacos, que o COVID-19 acelera a inflamação no músculo cardíaco, o que ocasiona miocardite, o qual aumenta a insuficiência cardíaca e gera arritmia.

Pesquisas demonstram que pessoas sem comorbidade tem 40% menos chance de morte em decorrência da COVID-19, em comparação com pessoas que possuem alguma comorbidade.

A probabilidade de morte de uma pessoa com diabetes para uma sem diabetes é 66% maior para quem possui diabetes, já sobre a hipertensão o risco de morte sobe para 68%, o mesmo para doenças pulmonares graves.

A pratica de exercícios físicos já se mostrava eficaz nas pesquisas realizadas em doenças virais menos agressivas que a COVID-19. Estas pesquisas demonstraram que o exercício físico ajuda na diminuição dos sintomas assim também como no tempo de recuperação. Segundo Nieman et al. (2011). uma pessoa que pratica exercício aeróbio regular tem uma diminuição de 44% no número de dias com doença do trafego respiratório. Esse fato por si só já deveria ser um motivo para praticar exercícios físicos regularmente.

A pratica regular de atividade física reduz em 33% a chance de morte por doenças cardiovasculares, além de diminuir a o risco de câncer em 50% e diabetes em 57%.

Quanto a imunidade, o exercício físico de forma correta auxilia no aumento da imunovigilância pela melhor atividade de neutrófilos, monócitos, células T e células Natural Killers reduz as inflamações sistêmicas por meio do aumento da produção de IL-6 e imunoglobulinas. Aumento da produção de Interferon do tipo I (INF-I) que ajuda a eliminar a propagação do vírus. Modula o sistema Imune, para melhor resposta ao minimizar os danos da COVID-19 e outras doenças.

Estes efeitos contribuem com a redução das inflamações e assim diminuem a incidência, intensidade de sintomas e reduzam a mortalidade diante de infecções virais.

Como sabemos o exercício físico funciona como um grande aliado para diminuição da pressão arterial. Para pessoas hipertensas, a prática de exercícios com pessoas e exercícios aeróbicos geram uma redução na pressão em média 13,51 milímetros de mercúrio, que é maior até do que o conseguido com os remédios para hipertensão.

Um dado importante aponta que a obesidade é um fator preponderante quando se fala em mortalidade por COVID-19, a possibilidade de morte é 3,5 vezes maior do que pessoas eutróficas (as quais possuem o IMC adequado). Também segundo estudos a probabilidade de sobrevivência de um paciente com COVID-19 vai diminuindo conforme maior glicemia.

Os estudos ainda trazem outros dados, relacionados às pessoas com doenças cardiovasculares, as quais a COVID-19 pode gerar mais problemas aos cardiopatas do que as pessoas com problemas respiratórios, que era o que se imaginava no início da pandemia.

Ainda nestes estudos foi constatado que o treinamento demasiado prolongado ou intenso sem a recuperação adequada, também é negativo para as reações imunológicas do corpo, por ocasionarem uma redução da produção de imunoglobulinas e outras citocinas que ajudam na imunidade celular.

Isso nos leva a pensar se estamos realizando a quantidade correta de exercícios físicos e também como a orientação de um profissional de Educação Física qualificado é importantíssimo não só no pós COVID-19.

Guilherme Müller

CREF: 027189-G/SC

Rogério Müller

Instagram: https://www.instagram.com/cursosrogeriomuller