Tensegridade e Biotensegridade - A base do trabalho com fáscia

Set 09, 2021

O termo tensegridade, tanto falado hoje em dia quando se discute o sistema fascial, tem origem na frase “integridade de tensão”, criada pelo designer R. Buckminster Fuller. Ele se referia a estruturas que mantinham sua integridade em decorrência de um equilíbrio das contínuas forças de tração tecidas através da estrutura e não apenas através da compressão, como sempre vimos em colunas e vigas.

Desta maneira, a tensegridade nos traz um princípio onde a forma da estrutura é garantida pelas tensões contínuas dentro deste sistema.

Um grande exemplo disso são as teias de aranha, onde a tensão de cada filamento em perfeita harmonia com os demais, mantém a estrutura equilibrada e resistente.

Fuller também diz que esta estrutura se mantém unida através do equilíbrio entre tensão e compressão e que as estruturas de tensegridade caracterizam-se pela “tensão contínua em torno da compressão localizada.

Na natureza temos várias estruturas de tensegridade, como proteínas, moléculas de água, tecidos, corpos de animais e o próprio corpo humano.

Sendo assim devemos pensar os corpos como estruturas em que a mobilidade e estabilidade são a essência de sua capacidade de se sustentar no espaço e criar movimentos.

Temos assim a ideia de biotensegridade

Nossas estruturas corporais estão o tempo todo sofrendo pressões e forças que necessitam de uma capacidade de alternância entre rigidez e mobilidade em todos nossos tecidos para que consigamos por exemplo, nos mantermos em pé contra a gravidade.

A partir deste conceito, devemos pensar num sistema fascial em forma de globalidade e não apenas em fáscias. Myers nos diz para pensarmos a fáscia como uma grande lona por todo o corpo onde músculos, tendões, ligamentos, deviam ser pensados como dobras desta mesma lona.

Assim, para o profissional do movimento ou da terapia manual que deseja realmente atuar com eficiência sobre os tecidos moles, se faz necessário e urgente entender o pensamento de Thomas Myers sobre os meridianos miofasciais, que ele chamou de trilhos anatômicos, para assim traçar um pensamento integrado do corpo.

Compreender que estruturas com tensão demasiada em um ponto do corpo irão afetar outras partes as vezes muito distantes. Da mesma forma pensar que um determinado músculo ou grupo de músculos que estejam muito fracos, podem ceder às tensões de outros músculos e assim criar mudanças posturais e estruturais muitas vezes longe deste ponto.

Um exemplo claro disso pode ser observado em indivíduos que muitas vezes reclamam de dores na região das escápulas, e que, quando bem avaliados, observamos ombros rodados à frente muitas vezes causados por um encurtamento do peitoral menor. Nestes casos uma liberação miofascial desta região do peitoral ajudará mais do que terapias manuais na região da dor.

Assim, comparo um bom terapeuta tanto do movimento como manual, a um sniper, atirador de elite, que acerta um alvo com um tiro só, enquanto um atirador com uma metralhadora gasta muitas balas para acertar uma.

Em outras palavras, devemos cada vez mais sermos capazes de avaliar bem nossos clientes, alunos ou pacientes e assim pensarmos um atendimento de qualidade, focando na origem ou origens dos problemas.

Seja cada vez mais um especialista, tenha qualidade em tudo o que entrega aos seus clientes.

Rogério Luis Muller

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Rogério Müller

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