O uso da liberação miofascial no processo de treinamento de atletas de alto rendimento

Nov 24, 2020

A rotina de um atleta de alto rendimento certamente é algo que foge das exigências de uma pessoa “normal”.

Durante muitos anos fui atleta e treino até hoje atletas de alto rendimento das mais diversas modalidades e conheço bem a rotina que envolve esta vida: treinos intensos, estresse físico e psicológico, dores pós treino, cobranças por resultado, enfim, são muitos os obstáculos a serem vencidos.

Nesta luta diária em busca de maior performance certamente o risco de lesões é um dos fatores que mais prejudicam um atleta num trabalho a longo prazo.

A ciência estuda constantemente o desempenho de atletas de todas as modalidades buscando compreender cada vez melhor todos os aspectos que ajudem ou prejudiquem o ganho de performance esportiva.

Sabemos através dos estudos de biomecânica, cinesiologia e anatomia que, padrões alterados de movimento são fatores que levam à perda de eficiência e que a longo prazo são geradores de lesões que podem impedir o avanço na melhoria dos resultados do atleta.

Estes padrões alterados geralmente nascem de desvios posturais que por não serem corrigidos acabam tornando-se um padrão comum no atleta, tanto no dia a dia desportivo como nas atividades da vida diária.

Quem já foi ou é atleta sabe o quanto buscamos nos treinamentos melhorar a execução do gesto desportivo em busca da perfeição.

Estudos recentes sobre a fáscia, uma espécie de tecido que recobre todos os músculos, tendões, ligamentos e até órgãos, muito tem avançado nos últimos anos, principalmente através de estudiosos como Thomas Meyers, Robert Schleip, Helene Langevin, Leon Chaitow.

Estes estudos nos mostram que todo o movimento do corpo é algo integrado. Que a fáscia é interconectada em todo o corpo.

Com isso passamos a compreender que desvios posturais em uma parte do corpo afetam o rendimento em outro ponto bem distante deste, muitas vezes travando o movimento causando desconforto e perda de eficiência.

Assim ganha cada vez mais espaço no processo de treinamento de atletas de todas as modalidades esportivas, a questão da liberação miofascial, tanto feita de forma manual quanto com uso de ferramentas.

Porém, para realmente trazer benefícios aos atletas esta técnica precisa ser aplicada com base em ciência e conhecimento.

Podemos citar alguns dos cuidados a serem observados na aplicação desta técnica em atletas:

  • Avaliação postural tanto estática quanto dinâmica
  • Observar padrões de movimento alterados e suas possíveis causas fasciais
  • Procurar através da observação e palpação por fáscias demasiadamente encurtadas ou tensionadas
  • Procurar cicatrizes aderidas
  • Buscar saber do histórico de lesões deste atleta

Com base em todos estes dados, a liberação miofascial deve ser incluída no processo de treinamento, porém de forma inteligente, levando-se em consideração as cargas de treinamento e periodização do treino, competições e demais variáveis.

Não devemos por exemplo, usar a liberação com muita intensidade e força ligeiramente antes ou após treinos de carga muito intensa.

Se bem aplicada a liberação miofascial trará uma série de benefícios ao atleta, tais como:

  • Melhora da flexibilidade
  • Aumento de amplitude de movimento
  • Possibilidade de correção postural
  • Mudanças em padrões de movimentos com consequente melhoria do gesto desportivo
  • Diminuição dos riscos de lesões
  • Alívio de dores e estresse pós treino
  • Melhora da circulação sanguínea e na perfusão de líquidos corporais e maior eliminação de toxinas resultante do metabolismo

Fica evidente assim que a liberação miofascial é uma importante ferramenta que pode e deve cada vez mais ser utilizada por atletas de todas as modalidades, com efeitos positivos a médio e longo prazo sobre a performance.

Incorpore esta técnica à sua rotina ou de seus atletas. O resultado te surpreenderá.

Rogério Luis Müller

Profissional de educação física

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Rogério Müller

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