O uso da liberação miofascial no processo de treinamento de atletas de alto rendimento
A rotina de um atleta de alto rendimento certamente é algo que foge das exigências de uma pessoa “normal”.
Durante muitos anos fui atleta e treino até hoje atletas de alto rendimento das mais diversas modalidades e conheço bem a rotina que envolve esta vida: treinos intensos, estresse físico e psicológico, dores pós treino, cobranças por resultado, enfim, são muitos os obstáculos a serem vencidos.
Nesta luta diária em busca de maior performance certamente o risco de lesões é um dos fatores que mais prejudicam um atleta num trabalho a longo prazo.
A ciência estuda constantemente o desempenho de atletas de todas as modalidades buscando compreender cada vez melhor todos os aspectos que ajudem ou prejudiquem o ganho de performance esportiva.
Sabemos através dos estudos de biomecânica, cinesiologia e anatomia que, padrões alterados de movimento são fatores que levam à perda de eficiência e que a longo prazo são geradores de lesões que podem impedir o avanço na melhoria dos resultados do atleta.
Estes padrões alterados geralmente nascem de desvios posturais que por não serem corrigidos acabam tornando-se um padrão comum no atleta, tanto no dia a dia desportivo como nas atividades da vida diária.
Quem já foi ou é atleta sabe o quanto buscamos nos treinamentos melhorar a execução do gesto desportivo em busca da perfeição.
Estudos recentes sobre a fáscia, uma espécie de tecido que recobre todos os músculos, tendões, ligamentos e até órgãos, muito tem avançado nos últimos anos, principalmente através de estudiosos como Thomas Meyers, Robert Schleip, Helene Langevin, Leon Chaitow.
Estes estudos nos mostram que todo o movimento do corpo é algo integrado. Que a fáscia é interconectada em todo o corpo.
Com isso passamos a compreender que desvios posturais em uma parte do corpo afetam o rendimento em outro ponto bem distante deste, muitas vezes travando o movimento causando desconforto e perda de eficiência.
Assim ganha cada vez mais espaço no processo de treinamento de atletas de todas as modalidades esportivas, a questão da liberação miofascial, tanto feita de forma manual quanto com uso de ferramentas.
Porém, para realmente trazer benefícios aos atletas esta técnica precisa ser aplicada com base em ciência e conhecimento.
Podemos citar alguns dos cuidados a serem observados na aplicação desta técnica em atletas:
- Avaliação postural tanto estática quanto dinâmica
- Observar padrões de movimento alterados e suas possíveis causas fasciais
- Procurar através da observação e palpação por fáscias demasiadamente encurtadas ou tensionadas
- Procurar cicatrizes aderidas
- Buscar saber do histórico de lesões deste atleta
Com base em todos estes dados, a liberação miofascial deve ser incluída no processo de treinamento, porém de forma inteligente, levando-se em consideração as cargas de treinamento e periodização do treino, competições e demais variáveis.
Não devemos por exemplo, usar a liberação com muita intensidade e força ligeiramente antes ou após treinos de carga muito intensa.
Se bem aplicada a liberação miofascial trará uma série de benefícios ao atleta, tais como:
- Melhora da flexibilidade
- Aumento de amplitude de movimento
- Possibilidade de correção postural
- Mudanças em padrões de movimentos com consequente melhoria do gesto desportivo
- Diminuição dos riscos de lesões
- Alívio de dores e estresse pós treino
- Melhora da circulação sanguínea e na perfusão de líquidos corporais e maior eliminação de toxinas resultante do metabolismo
Fica evidente assim que a liberação miofascial é uma importante ferramenta que pode e deve cada vez mais ser utilizada por atletas de todas as modalidades, com efeitos positivos a médio e longo prazo sobre a performance.
Incorpore esta técnica à sua rotina ou de seus atletas. O resultado te surpreenderá.
Rogério Luis Müller
Profissional de educação física
REF 000805-G/SC